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Sobre felicidade e manuais - ou um convite à reflexão


Foto: Ashutosh Sonwani/Pexels

Este não é mais um texto sobre SARS-COV, pandemia, ou esta atribulação toda que fez nossas vidas darem umas mil voltas de 360º. Estamos fatigados, extenuados, exauridos, desse novo normal, que ninguém queria. Mas (pô, já vem um mas?)... Não há como dizer que o texto a seguir não seja parcialmente motivado pela vida caótica dos últimos anos. E pronto. Chega de Covid.

Vamos falar de vida. Aquele troço que cai no nosso colo sem manual de instrução, sem call center e, muito menos, recall. Uma coisa tão estranha, que a gente já entra em cena chorando. Maravilhosa em inúmeros momentos. Assustadora e triste, em outros tantos. Mas é o que temos para o momento. Sem entrar no mérito da fé, das crenças de cada indivíduo e de suas interpretações do pós-vida. Estou falando DESTA vida. Aqui, agora, 2022. Será que a gente anda lidando com ela direito?

Não. Eu não vou me desmentir. Manual, não existe, mesmo. Sete bilhões de seres humanos jamais iriam viver exatamente da mesma forma. O que, por si só, já torna essa tal vida, bem especial. Mas esse assunto fica para outra hora.

Quero me ater aquilo que está na palma da nossa mão. As pequenas e as nem tão pequenas decisões do cotidiano. Dar um giro no quarteirão, sem razão alguma, só para sentir o vento no rosto. Terminar de ler aquele livro que se transformou em apoio para o pé em falso da mesa. Ou parar de falar tanto EU e praticar um pouco o NÓS. Esquecer por uma tarde do saldo no Bradesco, do extrato no Itaú, e se perguntar "hoje foi um dia feliz? O que é um dia feliz? Nossa!!! Ser feliz é importante! Tão importante que eu nem sei direito a cor desse bicho..."

Até porque "fazer feliz" sem "ser feliz", há controvérsias, mas não dá, hein. Só por isso já vale o esforço de se aprofundar um pouco mais no tema. Nem precisa doutorado, uma graduação já está valendo.

Nós vivemos no mundo do instantâneo, da pressa, da ansiedade. E o mundo da respiração, do atirar a pedrinha n'água para ver se quica, esse se escondeu. E anda fazendo falta. Por todos os cantos em que o olhar alcança. E certamente em você, corajoso (a) leitor (a) que chegou até aqui. E em mim, este que vos escreve, com absoluta certeza!

Afinal, um dia a respiração acaba. Para mim e para você, este mundo acaba. Esta vida. E aquele belo livro pode continuar só calçando a mesa. Sem ninguém para ler o coitado.

Por: José Francisco Alves, publicitário por profissão e escriba, por pura paixão.